sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Ensaio crítico sobre Umwelt

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Ao me deparar com o desafio de escrever uma crítica sobre o espetáculo Umwelt da Cia. Maguy Marin, por hora tive receio, pois acredito que escrever sobre o trabalho de alguém requer um certo cuidado e conhecimento do assunto. Confesso que o que sei sobre a obra de Maguy Marin é muito pouco, visto que assisti apenas a 2 espetáculos May B e Umwelt, dentro de 40 já coreografados por ela. O que torna difícil produzir um texto sobre o espetáculo, o jeito é adentrar no mundo da coreógrafa e buscar entender quais reflexões devemos fazer, do que exatamente ela esta falando? Sempre me faço uma pergunta dessas quando não conheço bem o contexto a que o trabalho esta inserido, o que o coreógrafo quer provocar em nós. Muito se ouviu falar das diversas vezes em que a coreógrafa Maguy Marin causou polêmica ao público francês. Há uma coleção de artigos jornalísticos e virtuais sobre o caos que ela causou em estréias de outros espetáculos. É bem verdade que o trabalho central de sua carreira fora o May B e que posso arriscar dizer que ele possui uma ligação direta com o Umwelt apresentado no encontro terceira margem em Fortaleza. No entanto ninguém pára e analisa sua trajetória histórica para entender um pouco de seus trabalhos. Maguy Marin vem de uma geração de coreógrafas que surgiu nos anos 80 com a explosão da dança contemporânea na França com um pequeno detalhe ela estava inserida numa tendência da nova dança francesa rica, e diversa em suas abordagens.

O que percebo que ela mexe fundo nas feridas da sociedade francesa, pois assume uma postura política muito forte. Ao ler um pouco mais sobre as indagações da coreógrafa e suas preocupações de como afeta os que a cercam, consegui entender um pouco do incômodo que seus trabalhos causam. Embora ela afirme que esse espetáculo teve um processo bem diferente dos demais, há uma preocupação latente em sua trajetória a questão da convivência.

Por horas enquanto assistia ao espetáculo e me surpreendia com tudo que saia de trás dos espelhos, percebi que ao longo das cenas que se repetia, alguma coisa havia ficado para trás, me perguntei se essas repetições eram mesmo para me fazer enxergar isso. As cutucadas sutis com cenas sobre violência, como a dos capacetes de guerra, o cuspir a comida e o chutar o bebê boneco. Percebi depois um ciclo de vida e de morte representados pelas repetições das cenas e que era exatamente ali que estava a resposta para minha pergunta. Ao ler mais sobre a coreógrafa passei a enxergar aquele momento de outra forma, não o de movimentos do cotidiano que costumamos fazer repetidas vezes e não nos percebemos fazendo, mas sim o que esses gestos representavam politicamente e filosoficamente para a sociedade pelo qual ela vive que muito pouco mudou, pois continuamos a repetir os mesmos erros.


 
©2007 '' Por Elke di Barros