domingo, 6 de julho de 2008

As coisas não são o que parecem

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Muitas vezes imagino que dançar fosse apenas estar nos palcos e refletir tudo de bom que você tem dentro de si. Porém nem tudo é o que parece, muitas vezes acreditamos estar mesmo fazendo isso, um completo derramamento de si mesmo. Daí quando você descobre que precisa explicar esse derramamento de si para os outros, a coisa complica. Como explicar algo que você fez e acredita ter feito com tanta propriedade e intensidade? Porquê explicar o que é feito no palco, não posso simplesmente fazer e pronto?Não, não podemos fazer isso impunemente, não quando abrimos as portas para o debate com o público, pois mesmo que a gente negue vamos ser levados a intelectualizar mais nossa arte, pesquisar, ir a fundo e sair dessa coisa de movimento pelo movimento. Daí pode até parecer que estou me contradizendo quando coloquei as qualidades e os defeitos de 2 espetáculos que assisti mês passado. É não estou não, pois esse derramamento de si mesmo requer muito estudo e muita compreensão intelectual, para não cometermos aquelas bobagens de iniciantes que acham que por que já possuem alguma experiência em aulas de dança, são capazes de se derramar impunemente nos palcos.São poucos os que podem ter esse privilégio de provocar o derramamento de si mesmo. E aqui nesse caso específico falo de um trabalho do qual assisti também durante o mês de junho e que causou certa polêmica devido a sua qualidade e ao contexto em que ele fora proposto. A idéia era ótima, porém foi mal empregada, ou melhor, não havia ainda maturidade o suficiente para que esta fosse aplicada nos palco, nem como experimentação. Ainda não era o momento certo, pois o próprio criador da idéia estava confuso, não sabia bem o que fazer com uma idéia tão boa. Por hora a ajuda veio, muitos compareceram para lhe dar uma luz, pois era disso que o trabalho precisava uma luz. Porém não posso afirmar que o criador do trabalho é um coreógrafo ou um intérprete criador por excelência, pois a imaturidade, talvez pela pouca idade, era transparente. Muita coisa durante a apresentação me deixou aflita, mas só uma me incomodava mais, o despreparo do elenco e do próprio autor (acho melhor colocar assim) do trabalho ao defender suas idéias dos que participaram do debate ou dos que “vieram trazer uma pequena luz”. Por isso assumi um lema talvez um pouco radical, porém eficaz para mim quando assisto a qualquer espetáculo de dança: “Qualquer um pode dançar, mas nem todos deveriam.”
 
©2007 '' Por Elke di Barros